É consensual admitir que a Escola tem como missão ser, para além transmissora habitual e obrigatória de conhecimentos, produtora de Cultura, ao assumir a sua dimensão reformuladora e interpretativa dos conteúdos que transfere numa lógica de mero ensino.
Esta importante experiência educativa constrói-se essencialmente na base de uma aprendizagem da tradição vinculada em permanência a uma realidade dinâmica, sendo para isso indispensável provocar nela o fator da inovação.
Este fator poderá ter expresso sob várias formas, quer estejamos a falar no domínio das humanidades, quer no estrito domínio das tecnologias.
Este último é evidentemente melhor percetível pela comunidade, face ao progresso efetivo nessa área que se verifica na sociedade contemporânea e, no qual, a escola participa com contributos valiosos e, em determinadas circunstâncias, até mesmo de vanguarda.
No entanto, é possível hoje, e como resposta às incontornáveis condicionantes que tendem a desvalorizar uma cultura humanista, trazer a inovação desse domínio para o terreno da escola, ensaiado aí modalidades de intervenção que afetem positivamente a dinâmica social.
Neste sentido, a noção de produtora adstrita à escola carece de uma resignificação, ou seja, não se trata no interior desta noção apenas de fazer menção à ideia de interpretar, introduzindo aspetos que decorrem da evolução de um dado pensamento combinado com os conteúdos em legado, mas trata-se, sobretudo, de encontrar novas práticas que atribuam nova consistência interna à noção em causa.
Assim sendo, a escola pode e deve aceitar o desafio inovador para o qual é estimulada e descobrir novos desempenhos, novas funções enquanto produtora de cultura. Uma delas será, aliando-se a um escopro profissional disponibilizado para esse efeito e fruto de uma gerada cumplicidade conceptual, avançar para a apresentação de um conjunto de propostas culturais – no caso em apreço, no contexto da música -, a serem apreendidas e patrocinadas por entidades capazes de as concretizar e com influência decisiva no campo social. Produtora passará, por isso, a significar, em rigor, gestora, coordenadora, impulsionadora, geradora de impactos que, desde a escola e em parceria, traz a cultura para a comunidade propondo perspetivas artísticas habilitadas que a possam enriquecer, seja de forma alargada, seja pensando na fruição e valorização individual de quem nela está inserido.
Besides being tasked with the transmission of knowledge, it is widely accepted that one of the school’s objective is to be a producer of Culture, by assuming its reformulating and interpretative dimension of the transferred contents on a mere teaching-basis.
This important educational experience is essentially based on learning traditions permanently linked to a dynamic reality, and for this it is essential to deliver innovation.
This factor may be expressed in several ways, whether in the realm of Humanities or in the strict domain of technologies.
The latter is clearly perceived by the community in view of that area’s effective progress taking place in contemporary society, and in which the school participates with valuable contributions and, in certain circumstances, even avant-garde.
However, as a response to the unavoidable constraints that tend to depreciate a humanist culture, nowadays it is possible to bring the innovation from that domain to the schools’ grounds, rehearsing intervention modalities that positively affect social dynamics.
In this sense, the notion of producer connected to the school needs to be revisited, i.e., it is not enough to embrace the idea of interpreting, introducing aspects from the evolution of a school of thought combined with the legacy contents, but it is mainly about finding new practices that give new consistency to such notion.
Therefore, the school should accept the innovative challenge for which it is being encouraged and discover new performances and new roles as a culture producer. Together with a professional scope made available for that purpose and resulting from a conceptual complicity, one of them will be the presentation of a set of cultural proposals – in this case, in the context of music – to be apprehended and sponsored by entities capable of realizing them and with decisive social influence. Therefore, producer shall strictly account for manager, coordinator, promoter, impact generator that, from school and in partnership, delivers culture to the community by proposing qualified artistic perspectives that can enrich said community, whether generally or through the personal enjoyment and acknowledgement of those who take part in it.